Capítulo 1- "E eu não me arrependo nem um pouquinho"
24/09/2019
E mais uma vez eu acordo assustada. Há alguns dias eu venho sonhando com a minha falecida avó. São sonhos estranhos, tudo começa em um jardim florido e eu a vendo, logo após me ver ela pede que eu a acompanhe, então eu a sigo, mas de repente começa a ficar tudo branco e em um piscar de olhos eu estou em uma sala rodeada de anjos, arcanjos, querubins e serafins. Quando um deles, que eu identifico como o arcanjo Miguel não me perguntem como, se aproxima eu acabo me acordando, mas tem uma parte que eu sempre me lembro, a forma como todos eles me olham, é como se eu fosse a salvação deles sabe. A ia me esquecendo, existe uma caixa, e pelo que parece ela se localiza na casa da minha avó, mas eu não consigo identificar em qual local ela está. É estranho eu sei, mas vamos deixar de falar das minhas esquisitices e focar no meu cotidiano. Eu estou em semana de provas e minha vida ta muito corrida, é prova para fazer, estudar para OAB, academia para frequentar, cuidar de casa e ainda me preocupar com essas coisas que andam acontecendo, traduzindo, eu estou tipo com a minha vida social inexistente. Levanto, vou ao banheiro, faço minha higiene e vou cuidar da minha vida, melhor dizendo, saio do meu quarto e vou arrumar a casa, fazer almoço e etc... Eu só faço as coisas ouvindo música, tudo na minha vida, absolutamente tudo, tem trilha sonora.
E lá estava a minha pessoa, mais um dia arrumando a casa e cantando pra me acabar, eu me sinto A cantora:
Eu: Se você se entregar
Prometo que eu vou te amar
Do jeito que ninguém nunca te amou
Dentro do meu peito só existe amor
Depois de tudo feito, e todos chegarem de seus respectivos trabalhos, cada um coloca o seu almoço:
Ana: Meu dia hoje foi super estressante.
Marcio: E o meu cansativo, não aguento mais essas viagens.
Eu: E o meu ninguém quer saber sobre?
Ana/Marcio: Diga meu amor/vida
Eu: Vixe Maria, e falaram foi igual. Meu dia foi suuuuuper corrido, pensem aí, arrumei a casa, fiz o almoço e estudei um pouco, tão vendo como foi cheio. 😅😂
Ana: Abestada - balança a cabeça em negação.
Marcio: Engoliu um palhaço foi.
O resto do dia foi super aproveitador (lê-se a ironia), estudei o dia todo.
Sonho On
E mais uma vez lá estava eu naquele jardim, mas eu estava sentindo que algo diferente iria acontecer.
Eu: Vovó porque você me traz tanto aqui em? Por que eu nunca consigo entender o que vocês querem? Eu quero entender o que está acontecendo comigo ok?
Adelina: Aah meu amor, que saudades de ouvir tua voz, como eu queria responder a todas essas questões. Mas eu não posso, são ordens superiores. Não cabe a mim te dizer o que fazer, afinal essa és a tua missão..
Eu: Como? Missão? Não to entendendo nada vovó, pode me explicar?
Adelina: Venha querida, me acompanhe, já passou da hora de você saber a verdade.
Eu: Amém.
E novamente estou eu aqui no meio de todas essas obras celestiais, as quais eu leio tanto sobre, e as quais estão nos meus sonhos constantemente.
Miguel: Seja bem-vinda senhorita. E nos desculpe o incomodo dos últimos dias, mas era preciso que você se acostumasse em nos ver, para podermos aparecer. Agora senta aqui nessa cadeira que a sua avó tem uma história para te contar.
Adelina: Ai ai como eu começo a te explicar. Primeiro eu quero que você me prometa escutar até o final pra falar qualquer coisa, certo. Promete?
Eu: Prometo vovó.
Adelina: Agora vocês podem sair para eu conversar com ela a sós? - falou olhando para todos que estavam ali, e aos poucos aquela centena de pessoas se despediram - Ótimo, estamos sós. Querida eu peço que você me entenda, eu era "jovem" e meu casamento com o teu avô estava em crise. Por um momento eu pensei em me divorciar, mas eu também pensei como seria criar 9 filhos sem um marido. Então eu decidi passar alguns dias com alguns parentes em Recife. Naquela época tomar uma decisão dessas me matou por dentro, eu irei deixar meus filhos aos cuidados de outras pessoas, mas era preciso, nós dois estávamos muito desgastados tanto fisicamente quanto mentalmente. - nessa hora as suas lágrimas eram evidentes - Foram 3 dias de viagem super cansativos, mas chegamos todos em paz pela gloria divina. Da rodoviária eu parti em direção a casa de uma tia minha, que me tinha como a filha que ela nunca teve. Passado uns 2 dias eu resolvi ir a praia, nunca tinha ido - ela fala sorrindo e se lembrando daquela época - Sai caminhando e olhando a maravilha que era aquela imensidão de águas azuis que me passavam uma tranquilidade tão grande. Mas eu não estava prestando atenção no caminho e acabei esbarrando em um homem. Nossa nunca fiquei tão envergonhada, eu olhava pra ele e dizia "Desculpa moço, desculpa mesmo, eu estava tão distraída olhando essa maravilha que não te vi." e sabe o que ele fazia? Apenas me olhava, com aquele olhar que enxerga até o fundo da sua alma. E meu bem quando eu olhei aqueles olhos tão claros eu me perdi completamente. E eu te digo eu amei muito o seu avô. - interrompo ela -
Eu: Eu sei que a senhora amou o vovô, eu via nos seus olhos.
Adelina: Criança eu te pedi para não me interromper.
Eu: Desculpa - e abaixo minha cabeça, esperando ela terminar de contar a historia.
Adelina: Eu amei sim o avô que você pensa que é. Mas a sua mãe não é filha do meu marido. O Juan e eu acabamos que nos envolvemos. Foram tardes e noites de paixão pura e simples. Nós sabíamos que aquilo era errado, afinal eu tinha um marido e ele uma esposa. Mas o coração falou mais alto que a razão. E eu não me arrependo nem um pouquinho, pois o que nós vivemos, o que nós tivemos foi uma coisa magnifica. Mas tudo que é bom dura pouco e ele tinha que voltar para onde ele pertencia e eu tinha que voltar pros meus filhos. Algum tempinho depois eu descobri que estava gravida, e eu sabia que ali era fruto de um amor. Então o tempo depois que aconteceu tudo isso, a sua mãe já era grandinha, eu recebi uma caixa cheia de cartas. Até então eu não tinha a minima ideia de quem ele era, do poder que ele mantinha nas mãos. Na verdade eu ainda me pergunto como ele soube onde eu morava. Certo, ele era poderoso, mas nós nunca tínhamos conversado sobre nós. Eu sabia apenas que ele tinha vindo ao Brasil a negócios e ele pensava que eu estava ali de férias. Então eu guardei essa caixa em um lugar que ninguém descobrisse, claro depois de ler uma por uma, e pode apostar a ada carta eu me apaixonava cada vez mas por ele. Meu coração pobre coitado estava dividido entre dois homens maravilhosos. Então agora você sabe que não é neta do Agenor e sim do Juan. E eu espero que você não me julgue querida, eu sei que eu errei mas já paguei todos os meus pecados.
Eu: Nossa vó, que história. Parece cinema. E não, eu não vou te julgar, eu não sou melhor que a senhora, não tenho o direito de te ofender de qualquer forma possível. Eu sei como é o amor vovó, e como sei.
Adelina: Querida eu ainda não acabei de te contar.
Eu: Não? Ainda tem mais?
Adelina: Sim, minha filha. Ainda tem muita história pra ser contada. Naquela caixa não tem apenas cartas dele, mas tem a história da nossa família. Há muitos anos atras, uma jovem moça, chamada Elizabeth, filha de um duque espanhol, caminhava pelos jardins da sua residência sem sua criada, em certo ponto ela viu um cavaleiro, montando o seu belo Andaluz, se aproximando rapidamente dela e com o susto muito grande a bela dama foi ao chão, fazendo com que o rapaz se desesperasse e fosse ajuda-la. Depois desse breve encontro eles dois acabaram se apaixonando. Era belo de se ver o amor daqueles dois. Mas o duque não queria aquele romance, e tanto fez que os dois se separassem que acabou conseguindo. Só que o amor existente entre aqueles dois amantes era uma coisa rara de se ver na época. Eles acabaram por namorar escondido. Mal sabiam aquelas pessoas que desejavam o mal para aquelas doces criaturas que o destino já tinha trabalhado na historia deles. Os dois eram amantes da natureza, principalmente da senhora Lua, pois ela fornecia a eles a luz necessária para se amarem, oferecia o aconchego, e como presente daquele astro, lhes foi oferecido uma dádiva. Quando o Felipe percebeu que sua amada corria perigo, fugiu com ela, foram parar em um vilarejo a alguns dias de viagem. O tempo se passou e a menina Elizabeth teve a sua criança. Lhe deram o nome de Vitória. A pequena crescia feliz com seus pais e seus amiguinhos. Mas uma hora ela tinha que crescer né. E esse tempo chegou, mas o que ela não sabia era que carregava consigo um dos maiores dons oferecidos por Deus. Aquela garotinha podia fazer tudo que quisesse, mas ela decidiu ajudar aqueles que mais precisavam. A partir dai, uma pessoa de cada geração da nossa família recebe esse dom. E da nova geração quem recebeu foi você querida. Por isso sempre que você vinha aqui tinha todos aqueles anjos, arcanjos e afins. Você foi abençoada Lavínia e deve usar seus poderes apenas para o bem. Se lembre sempre disso. Ah, já ia me esquecendo, e quanto a caixa, você já deve saber onde está.. Se quiser saber quem é seu verdadeiro avô. Você procura. E cabe a você contar a verdade a sua mãe.
Eu: Certo, é muita coisa pra digerir. Vou precisar de um tempo. Mas, vovó como eu vou saber quais dons eu tenho?
Adelina: - sorrindo e piscando o olho, ela me responde - Ai já é com você. Na hora certa, você vai saber.
Eu: Já é hora de ir, eu não queria, mas eu não posso fazer nada. - e ela me da aquele abraço, que eu tanto sinto falta - Você faz falta vovó.
Adelina: Você também faz menina.
Eu: Tchau minha velhinha. Espero te ver de novo nos meus sonhos. Por favor trate de não sumir.
Adelina: Não te preocupa. Vai em paz minha netinha, que os anjos te guardem. - então ela me da as costas, e sai andando. Mas logo ela vira, e me da aqueles sábios conselhos, que fazem uma falta - E querida.
Eu: Sim vovó
Adelina: A possibilidade de realizarmos um sonho é o que torna a vida interessante.
Com isso ela se despediu de mim, e eu voltei para os meus sonhos com aquele que é o dono do meu coração.
Não se acanhem e comentem, falem o que vocês acham, o que vocês querem que eu mude, o que vocês quiserem.
